O que vem à mente quando você pensa em creatina? Seria uma imagem de um cara com veias abauladas ao estilo Huck? Se for esse o caso, você pode querer considerar e pensar numa mulher batendo um novo recorde pessoal de agachamento. Ou a sua colega de trabalho, que diz encaixar treinos super curtos entre as atividades de seus filhos.
Afinal, a creatina, que atualmente é indiscutivelmente o suplemento mais amplamente estudado no mercado, é tão (se não mais) benéfico para as mulheres do que para os homens, afirma Abbie Smith-Ryan, Ph.D., professora assistente de ciência do exercício e esporte na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
E os benefícios se estendem muito além da academia. Além de ajudar as mulheres a maximizar seus exercícios e resultados, a creatina pode ajudar as mulheres a afastar a depressão, se sentirem mais enérgicas, se tornarem mais produtivas profissionalmente e evitar doenças crônicas.
Então, o que é a creatina?
A creatina é um composto natural produzido pelo corpo e contido em quantidades limitadas na carne. Dentro do corpo ela se converte em fosfato de creatina (CP), que então entra no sistema de energia anaeróbia do corpo para manter suas células providas com energia de ação rápida, diz Susan Kleiner, Ph.D., consultora de nutrição esportiva e autora de “Power Eating”.
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No entanto, além de facilmente usada e requisitada, seus níveis podem estar bastante baixos particularmente naquelas pessoas que consomem pouca ou nenhuma carne.
Por essa razão, muitos nutricionistas recomendam que as mulheres tomem de três a cinco gramas do suplemento de creatina monohidratada – a forma mais estudada e eficaz – por dia. (Claro, não se esqueça de falar com seu médico antes de adicionar um suplemento em sua rotina de saúde.) Você pode dissolvê-la em água e beber junto a uma refeição ou colocá-la em um shake de proteína, diz Smith-Ryan, observando que alguns dados sugerem que consumir creatina junto com carboidratos ajuda na sua absorção.
A hora do dia, é você quem escolhe. Se você está prestes a fazer um treino de alta intensidade, a suplementação antes ou durante pode ser ótima para o desempenho e recuperação. Ou, se simplesmente precisa de um acordar no meio da tarde, um copo de água com alguma creatina pode ajudá-la.
Aqui está a ciência por trás das muitas razões pelas quais cada mulher deveria tomar creatina:
Você vai otimizar seus exercícios de alta intensidade
Quando se está levantando carga pesada, fazendo treinos tipo Tabata ou corrida tipo sprint, a creatina ajuda a treinar mais e mais, maximizando a capacidade do corpo de produzir energia explosiva, diz Smith-Ryan. Isto ocorre porque as mulheres podem queimar de 50 a 70 por cento de suas reservas de fosfato de creatina em apenas 5 a 30 segundos de exercício de alta intensidade.
De fato, uma revisão de 22 estudos concluiu que, em média, a suplementação de creatina aumenta o número de repetições que um levantador de peso pode realizar em 14%.
Você verá melhores resultados do exercício
A creatina pode alimentar seus músculos mesmo após o treino, ajudando no reparo muscular, na reposição das reservas de creatina e até mesmo regulando o pH do músculo, afirma Smith-Ryan. Tradução: Seu corpo se recupera mais rápido e melhor após cada treino.
Além disso, enquanto que a creatina não altera a composição corporal diretamente, ao passo que melhora a execução de exercícios de alta intensidade e a capacidade de recuperação, ela resulta consistentemente em aumentos na massa muscular (magra), de acordo com uma revisão publicada no Journal of International Society of Sports Nutrition. Bônus: Mais músculo significa um metabolismo mais rápido.
Seu cérebro funcionará mais rapidamente
Suas fibras musculares não são as únicas células que funcionam com creatina, mas também as células cerebrais, diz Kleiner, que observa que toma creatina principalmente para promover a saúde e função cognitiva. Afinal, num estudo da Universidade de Sydney, o consumo de cinco gramas de monohidrato de creatina por dia durante seis semanas resultou melhoras significantes nos testes de inteligência dos participantes e no desempenho da memória de trabalho.
Isso porque, além do cérebro usar creatina para a energia, ela apresenta ter efeitos anti-inflamatórios fortes, Kleiner diz. Isso faz com que a creatina seja uma das principais candidatas na pesquisa sobre a prevenção e tratamento da doença de Alzheimer, de acordo com uma revisão da Universidade do Centro de Ciência Médica do Norte do Texas.
Você afasta a depressão
Um cérebro energizado é um cérebro feliz. Caso em questão: em um estudo de 2012 publicado em American Journal of Psychiatry, quando mulheres deprimidas que tomaram antidepressivos juntamente com cinco gramas de monohidrato de creatina por dia apresentaram duas vezes mais melhorias nos sintomas, em comparação com as mulheres que tomaram somente antidepressivos (sem creatina).
Você poderá reduzir o risco de doença cardíaca
A suplementação de creatina pode em breve ser considerada uma marca de estilo saudável para o coração, assim como o ômega-3 e exercícios tipo cárdio. Um estudo de 2015 publicado no Journal of Sports Medicine and Physical Fitness encontrou que adultos que fazem treino de resistência e que tomam creatina têm níveis mais baixos de homocisteína. A homocisteína é um subproduto metabólico associado a um maior risco de doença cardíaca, ataque cardíaco e derrame.
Você estará melhor hidratada
Pesquisa de Smith-Ryan publicada no American Journal of Lifestyle Medicine mostra que o uso de creatina aumenta significativamente a hidratação, levando água para as células do corpo – células musculares incluídas. Esta hidratação extra torna seus músculos mais fortes.
Poderá lhe oferecer benefícios na luta contra o câncer
Enquanto a pesquisa ainda tem um caminho a percorrer neste quesito, há esperança de que a creatina possa um dia ser uma poderosa aliada na luta contra o câncer. Em um estudo da Universidade de São Paulo de 2016, a sua suplementação reduziu as taxas de crescimento de tumores malignos em 30%. Os pesquisadores acreditam que a creatina faz isso reduzindo os níveis de acidose (uma queda significativa no pH) e estresse oxidativo dentro e ao redor das células cancerosas.